Pavilhão Vista Alegre

Tipologia de Projeto: Cultivo
Autor do projeto: Terra Capobianco
Arquitetos Responsáveis: Ana Terra Capobianco
Equipe de Projeto: André Braz e Lucas Leite
Ano da elaboração: 2020
Localização: Socorro, SP – Brasil
Área construída: 120,00m²
Fotografo: Nelson Kon

Localizada nas encostas das montanhas do Serrote, trecho mais ao sul da Serra da Mantiqueira no município de Socorro, em São Paulo, a Fazenda Barreiro teve seu espaço e propósito reformulados para o cultivo de café. O Pavilhão Vista Alegre foi um dos espaços remodelados com o intuito de preservar a história local, se tornando um ponto de encontro entre o antigo e o novo, e ambiente para recepção dos visitantes interessados no café.

A Fazenda Barreiro, antes voltada para a criação de cavalos e posteriormente passando por degradação pelo arrendamento dos pastos para a criação de gado, tem sua atividade renovada, se inserindo no contexto da vocação da região: a produção de café.

O processo de regeneração do território vem sendo feito com investimentos em técnicas de produção que seguem os critérios da agricultura orgânica e sustentável, e na preservação de seus recursos hídricos com cobertura florestal nativa, ampliado ano após ano, em parceria com ONGs especializadas na regeneração de florestas. Nos últimos dois anos foram plantados 40 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica na propriedade, transformando a fazenda em referência de agricultura orgânica e de baixo carbono da região.

O conjunto de edificações da fazenda vem sendo remodelado para o abrigo das novas funções, que mesclam o uso familiar recreativo com o da produção do café.

A estrutura regular e precisa do pavilhão busca se alinhar às construções pré-existentes das baias dos cavalos. A proposta não contrapõe a escala daquilo que já existia – pelo contrário, a intervenção é discreta e ressignifica o conjunto de edificações com criação de um pátio, para onde as baias dos cavalos convergem.

O contraponto ao existente se dá pela nova tecnologia adotada para a construção, o CLT – Cross Laminated Timber (Madeira Laminada Cruzada) – pautado principalmente nas questões de sustentabilidade. A matéria-prima do CLT, procedente do plantio florestal, é um recurso carbono neutro que gera impacto ambiental positivo.

A concepção estrutural para o edifício parte da premissa de racionalidade construtiva, com a opção pela solução pré-fabricada, que reduz a quantidade de trabalho a ser realizado no local, otimizando o prazo global da obra sem gerar resíduos.

Com uma área de 170 m², o pavilhão foi levantado em cinco dias, sendo utilizados nove placas de CLT de 8 cm de espessura, configurando um plano contínuo de cobertura com 7,45 m de largura por 22 m de comprimento. O plano é sustentado por vigas metálicas invertidas descarregadas em paredes de CLT.

A estrutura de madeira é exposta pelo lado interno, enquanto no lado externo as paredes são revestidas por ripas verticais de pinus autoclavados e carbonizados, garantindo a durabilidade da madeira. O mesmo revestimento foi aplicado nas portas e janelas das baias das construções existentes, com o objetivo de trazer unidade para as edificações.

O pavilhão conta com uma copa e lavabo, que dividem o salão de visitas da selaria. Para simplificar as instalações hidráulicas, optou-se por construí-los em dois núcleos de alvenaria, servindo também de travamento para a estrutura como um todo.

Na selaria, os arreios estão expostos em toras maciças engastadas nas paredes de CLT. A ventilação neste ambiente é cruzada e permanente, e ocorre entre as ripas das fachadas, por onde também permeia luz natural.

No salão principal, local para encontros e descanso das cavalgadas, uma grande bancada de basalto serve de apoio para a degustação do café produzido na fazenda. A vista do salão mira os açudes, em uma relação visual contemplativa através da grande janela sobre a bancada. As fachadas laterais do pavilhão se abrem completamente com portas deslizantes que ficam ocultas entre as paredes de CLT e o revestimento de pinus, permitindo a integração de um lado com o pátio das baias, e de outro com o entorno da fazenda.