O Sesc Pompeia é outra obra da arquiteta Lina Bo Bardi, situada na cidade de São Paulo – SP que, assim como o MASP (Museu de Arte de São Paulo), é idealizado por seu projeto inovador ao redor do mundo. Lina deu início ao projeto em 1977, após ser convidada para transformar a antiga fábrica de tambores que funcionava ali em um complexo de lazer e cultura. Para isso, ela recebeu a colaboração dos arquitetos Marcelo Ferraz e André Vainer.

O Sesc teve sua inaugurado em 1986, se tornando uma referência para a arquitetura brasileira e também no estrangeiro. É considerado um dos espaços de convivência mais democráticos da capital paulista. Confira mais sobre o Sesc Pompéia.

Unidade mais famosa da rede

O Serviço Social do Comércio, ou Sesc como conhecemos, é uma rede de complexos de lazer e cultura, com unidades no país inteiro. Só no estado de São Paulo são 19 unidades distribuídas, mas a maioria se situa na capital.

Entre os muitos polos, o Sesc Pompeia se destaca entre as demais por seu design. Lina construiu o complexo a partir de uma antiga fábrica de tambores, como já mencionado, que levou dez anos para ser finalizado.

Como a própria arquiteta definiu ainda em 1977, ano em que as obras foram iniciadas, a ideia era preservar a fábrica para também manter um pedaço da história da cidade, sem disfarces.

Ela dizia que não queria manter o conceito do que era belo, mas sim valorizar o típico e o simples da fábrica de tambores.

Antes de Lina Bo Bardi

Quando o projeto foi encomendado pela rede Sesc, antes mesmo de Lina assumir a obra, a proposta era de demolir toda a fábrica que existia ali.

A ideia caiu por terra já que por mais de cinco anos espaços industriais foram usados como uma espécie de unidade provisória ao Sesc, o que acabou sensibilizando a instituição.

Deste modo a fábrica foi mantida e se tornou um dos marcos da arquitetura brasileira, considerado uma referência não apenas nacionalmente, mas também para a arquitetura internacional.

Com a escolha de Lina para comandar a obra, a arquiteta acabou transferindo seu escritório para o canteiro de obras, sendo que boa parte do projeto acabou definida por ali mesmo.

Com estrutura original

Foram praticamente dez anos até que a obra do Sesc Pompeia fosse concluída, desde a compra do espaço em 1971 pela rede, até a sua inauguração. Praticamente toda a obra trazia o conceito de preservação, tanto que Lina fez questão de manter a estrutura original da fábrica.

Durante a projeção a arquiteta descobriu que a fábrica tinha sua estrutura moldada por François Hennebique, que foi pioneiro no uso de concreto armado. Assim, ela iniciou um processo para recuperar as paredes e retirar elementos adicionados com o passar dos anos, para trazer uma estrutura como a original ao complexo.

Dois grandes blocos de concreto armado foram usados para preencher os fundos do terreno, local destinado as atividades esportivas do complexo. Entre as torres há oito passarelas, também de concreto, que ligam o bloco esportivo.

Quanto aos espaços de convivência, a arquiteta criou um riacho e uma lareira, com o intuito de dar mais aconchego ao ambiente, além de salientar sua idade, visto que a construção já era antiga quando iniciada as obras.

Nos galpões funcionam hoje a choperia e os ateliês da unidade. Esses foram espaços adequados para agregar as atividades do Sesc, porém, como mencionado, a estrutura foi mantida bem próxima do original.

Mas o que chama atenção é o mobiliário, que foi desenvolvido dentro do complexo pela própria Lina e sua equipe. Na época essa atitude foi considerada revolucionária e inédita por muitos.

Extensão a Rua Clélia

Situado no número 93 da Rua Clélia, no bairro da Vila Pompeia, Zona Oeste de São Paulo, o Sesc acabou se tornando uma extensão do endereço.

Isso porque há um espaço vago entre os galpões que forma uma verdadeira rua, inclusive usada como uma extensão da mesma. Ela também é usada para organizar os fluxos internos do complexo.

Primeira inauguração do Sesc Pompeia

Parte da obra foi concluída ainda nos anos de 1980, mais especificamente em 1982. Assim, a readequação da antiga fábrica de tambores para o complexo de lazer e cultura foi mostrada ao público neste ano.

A obra só viria a ser terminada por completo em 1986, já que ainda faltavam muitos detalhes da adequação do prédio para o marco arquitetônico que ele representa ainda hoje.

O choque na arquitetura

Quando foi inaugurado por completo em 1986, o Sesc Pompeia trazia um bloco esportivo além da fábrica readequada. Para o público esse foi o choque maior em relação ao complexo, enquanto na arquitetura, mais tarde, uma referência.

Como já dito, o espaço trazia duas torres de concreto armado que serviriam para abrigar as atividades esportivas, onde Lina ainda projetou os chamados “buracos de caverna” no lugar das janelas em uma das torres. Para outra, trouxe janelas quadradas, mas salpicadas de forma aleatória pelas fachadas, o que surpreendeu a muito.

Havia ainda uma terceira torre cilíndrica com um total de 70 metros de altura, também em concreto aparente como as outras. O interessante dessa é que ela é marcada por uma espécie de rendado que vem de seu interior.

As passarelas

Para ligar as duas torres há oito passarelas de concreto protendido, que ficavam entre os vestiários e as quadras esportivas. Eles criaram vãos de até 25 metros.

Em cada passarela passa um córrego canalizado, chamado de Córrego das Águas Pretas. Como ocorreu com o vão do MASP, que surgiu para não tampar a paisagem da Avenida Nove de Julho, as passarelas também não estão ali por mero acaso.

O córrego já passava por ali e não teria como como desvia-lo. Também não teria como construir qualquer outro elemento aos fundos do complexo, por isso foi instalado um deck no fim do córrego, que serve como um solário nos dias mais quentes.

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