Ao notar uma bela edificação, todos pensam no trabalho para o sucesso da execução, mas não faz ideia de quantas etapas foram necessárias até concluir a obra. Antes mesmo de fazer as cotações de materiais, selecionar a mão de obra necessária e conseguir as aprovações na prefeitura o projeto arquitetônico precisa estar pronto. E, se o projeto não for seguro, e bem elaborado, todo o empreendimento já começa condenado.
Mas afinal de contas, quais etapas e o que se deve ter nesses projetos? Quais normas regulatórias e diretrizes técnicas que ajudam a manter um padrão de qualidade entre projetos e execuções? Estamos falando da NBR 16636, uma das responsáveis por garantir que todo o processo tenha uma diretriz. Confira mais sobre.
O que é uma NBR?
Antes de nos aprofundar na norma 16636 de forma específica é importante dar um passo atrás e entender melhor o que é uma NBR. A sigla diz respeito a Norma Brasileira.
Ela é aprovada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), uma organização sem fins lucrativos que é representante da ISO (sigla em inglês para Organização Internacional de Padronização).
O objetivo das normas é padronizar vários aspectos do trabalho, principalmente em operações técnicas que oferecem alto risco potencial, como é o caso da construção. Assim, as NBRs são nada, mais nada menos, que normas técnicas para que certos trabalhos sejam bem feitos e não apresentem qualquer tipo de problema.
Por que é importante seguir as NBRs?
Em princípio você poderia pensar que não há necessidade de seguir as NBRs se a sua empresa for boa no que faz. Afinal, o grande objetivo é manter a qualidade e a segurança. Acontece que muitas empresas e profissionais acham que fazem tudo certo quando, na verdade, deixam de seguir premissas básicas da função.
Com isso, o risco de acidente ou problemas posteriores em uma obra que não segue as NBRs é muito maior. As normas brasileiras não são obrigatórias, porque são feitas por um órgão privado, não público. Apesar disso, certas NBRs se tornaram obrigatórias por lei devido ao entendimento de que são muito importantes para se ignorar.
O que é a NBR 16636?
Agora sim podemos entrar de forma específica na NBR 16636, que diz respeito à elaboração e desenvolvimento de projetos arquitetônicos e urbanísticos. O nome longo não deve impressionar: é apenas uma norma com instruções que orientam a produção e realização de projetos de arquitetura e urbanismo.
A NBR 16636 é a nova versão da antiga NBR 13531, que falava sobre elaborações de projetos de edificações. Com a extinção dessa norma em 2017, iniciou-se o processo de consulta nacional da NBR 16636, ou seja, o projeto passou por uma fase de avaliação e sugestões até maio de 2019, antes de ser finalizada.
A NBR 16636 é composta por 3 partes, que são:
- parte 1 – diretrizes e terminologia: é quase um glossário com termos amplos, que descreve desde atividades e ambientes até instrumentos do trabalho;
- parte 2 – projeto arquitetônico: mais específica que a primeira, mostra as etapas do projeto arquitetônico;
- parte 3 – projeto urbanístico: a última parte prevista segue a mesma linha e contém as diretrizes a seguir com relação ao projeto urbanístico.
Quando a NBR 16636 se aplica?
A troca da norma anterior pela versão atual não foi à toa. O mundo está mudando mais rápido do que em qualquer período da história, e isso é de esperar dado o avanço tecnológico crescente. A tendência é que isso aconteça cada vez mais daqui para frente. E a NBR 16636 tem instruções e diretrizes que farão parte da modelagem das cidades do futuro. Estamos falando de cidades inteligentes, conectadas e sustentáveis, algo que não seria possível seguindo apenas as normas ultrapassadas da NBR anterior.
Sempre que um projeto arquitetônico ou urbanístico for necessário. Assim fica simples entender quando é preciso levar em conta orientações do documento.
3 pontos importantes é preciso entender para aplicar bem a NBR 16636
1. Arquitetura e urbanismo serão cada vez mais protagonistas
É muito comum ver cidades, até as grandes metrópoles, que cresceram sem muito planejamento. Como resultado, muitas das construções são mais fruto da necessidade de reagir ao crescimento desenfreado do que de um plano para crescer de forma saudável.
Os problemas que esse tipo de crescimento desordenado causa se mostram muito mais custosos para o poder público e a iniciativa privada. Assim, tem-se percebido a necessidade de mais projetos nas cidades do futuro.
Com isso, o papel dos arquitetos e urbanistas deve ganhar destaque, uma vez que eles serão peça central na elaboração e execução desses projetos e por criar cidades melhores.
2. Sustentabilidade e inovação devem ter sua vez
Junto da percepção de que faz mais sentido planejar do que reagir, é possível perceber uma mudança também no comportamento da sociedade, de forma geral. As pessoas estão ficando preocupadas com os excessos que prejudicam o planeta.
Daí a onda de materiais de construção inovadores e sustentáveis que têm tomado conta do mercado. Eles vêm para atender a uma necessidade que deve, em breve, tomar conta de obras de todo tipo: a de tornar as construções mais sustentáveis.
E por que isso interessa no que diz respeito à NBR 16636?
Porque as instruções técnicas preveem a aplicação dessas tecnologias e de processos mais seguros e vantajosos para o meio ambiente. Em outras palavras, a norma vai na direção do que a sociedade já vem mostrando que deve ser o rumo da construção.
3. A exigência ficou maior
Certos pontos da NBR 16636 são mais exigentes do que era a antiga NBR relacionada a projetos de edificações. E o motivo tem a ver com tudo que falamos até aqui: para garantir que o padrão será mantido e as obras serão mais seguras, modernas e bem planejadas, a fiscalização é maior.
O que antes exigia apenas algumas informações básicas para garantir a aprovação por parte dos órgãos públicos, agora requer mais detalhes e documentos. Também se exige agora o alinhamento com o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat.
Com isso, a NBR 16636 prova não apenas que é importante seguir normas e padrões de qualidade na construção. Mostra também que o futuro da construção civil tende a ser muito mais planejado, conectado e sustentável, e que as empresas do setor precisam ficar atentas a isso desde já.
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