Megacidade, metrópole, megalópole e cidade global: Qual é a diferença?

Não é possível definir a civilização moderna sem deixar de mencionar seus elementos mais marcantes, as cidades. Os assentamentos urbanos variam em cultura, tamanho e especialidade, além do que, certas áreas acabam se tornando mais significativas ao longo do desenvolvimento de uma região. Historicamente, as dimensões físicas ou demográficas de uma cidade são indicadores de sua importância – quanto maior uma cidade, maior será sua capacidade de produção – entretanto, com o grande êxodo rural do século passado, ficou cada vez mais difícil definir os verdadeiros motivos que fazem uma cidade ser mais “importante” que outra. As cidades podem ser classificadas em centenas, milhares de paisagens urbanas distintas. Para nós, arquitetos e urbanistas, é vital compreender e categorizar de maneira eficiente os diversos tipos de assentamentos urbanos para poder desenvolver projetos e planos urbanísticos adequados. Confira mais sobre as quatro definições de cidades que surgiram durante o século passado.

Cidade Global

Utilizado por primeira vez em 1886, o termo foi empregado para descrever a relação da cidade de Liverpool, e seu porto, com as redes comerciais ao redor do globo. Atualmente, este termo é crucial para a definição da ideia moderna de globalização. A expressão “cidade global” foi popularizada por Saskia Sassen em 1991, aplicada às cidades de Londres, Tóquio e Nova Iorque servindo como seus exemplos principais. Essas cidades possuem um lugar importantíssimo dentro do sistema econômico mundial, atuando como centros fundamentais para o comércio global de bens e serviços.

Uma cidade global não se define estritamente por suas dimensões físicas ou demográficas, na maioria das vezes é difícil identificar o que exatamente faz de uma cidade global, mas existem várias características elementares. Economicamente falando, elas devem abrigar uma variedade de serviços econômicos internacionais além de ser sede de várias das corporações multinacionais mais importantes. Em termos sociais, ela possui diversidade cultural, religiosa e ideológica, sem falar de línguas e idiomas. Supreendentemente, existem várias cidades – como a já mencionada Liverpool – que já foram cidades globais no passado e deixaram de ser, e outras várias cuja importância está aumentando rapidamente neste sentido, como a cidade de Xangai por exemplo.

Metrópole

O termo metrópole, do grego que significa “cidade mãe”, foi inicialmente aplicado aqueles lugares de onde os colonizadores partiam em direção à outras terras, as quais viriam a ser colonizadas. Desde então, tornou-se um termo utilizado para descrever grandes cidades que são elementos chave para as atividades socioeconômicas regionais e nacionais, compartilhando muitas das mesmas características que uma cidade global.

No entanto, a grande diferença entre os dois termos está na menor relevância que uma metrópole possui no contexto internacional. A baixa qualidade de vida, o subdesenvolvimento e a carência de infraestruturas básicas podem afetar diretamente o status de uma metrópole como uma cidade global. Como resultado, uma cidade global é sempre uma metrópole – mas uma metrópole não sempre pode ser considerada uma cidade global. Cairo e Lagos são exemplos disso, apenas metrópoles.

Megacidade

“Megacidade” é uma expressão muito menos subjetiva e tem sido utilizada para descrever cidades com mais de uma certa quantidade de habitantes. O termo foi documentado pela primeira vez pela Universidade do Texas em 1904. Aparentemente clara, a definição possui alguma ambiguidade, pois diferentes organizações sugerem critérios diferentes. Uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes é a definição mais comum; no entanto, outros incluem áreas urbanas com apenas 8 milhões de habitantes e também aquelas cidades que contam com uma densidade populacional de 2000 habitantes por quilômetro quadrado.

Nova Iorque foi a primeira megacidade moderna a receber tal título, quando ultrapassou a marca de 10 milhões de habitantes em 1936. A tendência, naquele momento, era que muitas dessas cidades aparecessem em áreas tradicionalmente desenvolvidas – como Paris, Londres e Tóquio. No entanto, durante às últimas décadas houve uma mudança de direção considerável. Quase 70% das atuais 47 megacidades do mundo se encontram na Ásia, e esse número deve aumentar nos próximos anos à medida que o continente continue seu processo de urbanização acelerada. Hoje, as cinco cidades mais populosas do mundo são Tóquio, Xangai, Jacarta, Delhi e Seul.

Megalópole

Um aglomerado de cidades interconectadas é aquilo que podemos chamar de uma megalópole, termo usado pela primeira vez no início do século XX. Este amontoado de cidades pode ser resultado de uma grande variedade de razões, considerando ainda que certas áreas tendem a se desenvolver mais do que outras. A geografia pode desempenhar um papel importantíssimo na definição de uma megalópole, assim como sistemas eficientes de transporte internacionais e regionais. O crescimento econômico subsequente de uma megalópole pode ter, mas não sempre, um impacto positivo em toda a sua área de influência. Um dos primeiros exemplos de uma megalópole surgiu na costa nordeste dos EUA, de Boston a Washington – a Megalópole Bos-Wash. Assim como as megacidades, no entanto, há mais dessas regiões se desenvolvendo na Ásia do que em qualquer outro lugar do mundo, como o Delta do Rio das Pérolas na China e a área metropolitana unificada de Jacarta-Bandung, na Indonésia.

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