A Torre Eiffel

Escrito por Luke Fiederer | Traduzido por Eduardo Souza

O mundo nunca havia visto nada como a graciosa forma de ferro que surgiu do Champ de Mars de Paris no final da década de 1880. A “Torre Eiffel”, construída como uma instalação temporária para a Exposição Universal de 1889, tornou-se uma sensação imediata por sua aparência sem precedentes e altura extraordinária. Tem superado por muito tempo a sua vida pretendida e tornou-se não apenas um dos marcos mais populares de Paris, mas uma das estruturas mais reconhecíveis na história humana.

Em 1884, o governo francês anunciou o planejamento de uma exposição internacional para homenagear o centésimo aniversário da Revolução Francesa de 1789 – a décima quarta feira que se realizaria na França desde o final do século XVIII. Pouco depois, o engenheiro civil francês Gustave Eiffel propôs a construção de uma torre de ferro de 300 metros de altura como portão cerimonial para a Exposição. Propostas similares foram apresentadas várias vezes pelo menos desde 1830, e em particular antes da Exposição do Centenário na Filadélfia, em 1876. Entretanto, estes projetos nunca foram realizados.

Eiffel estava bem estabelecido no campo da construção em ferro em meados de 1880. Sua empresa, uma das maiores da França, tinha projetado uma série de estruturas significativas, incluindo o quadro interno para a Estátua da Liberdade. Eiffel também ajudou na engenharia de galerias e pavilhões cavernosos para as Exposições de 1867 e 1878. Apesar deste ilustre portfólio, a empresa era mais conhecida por suas principais pontes ferroviárias, mais notavelmente o Viaduto de Garabit – então a ponte mais alta do mundo. Foi a experiência de criar estas enormes estruturas de ferro forjado que mais tarde iria influenciar o design da Torre Eiffel.

O projeto da torre foi inicialmente concebido por três dos empregados do escritório de Eiffel. Os primeiros esboços e cálculos da torre proposta foram feitos pelo gerente de escritório Emile Nouguier e o engenheiro Maurice Koechlin, em colaboração com o arquiteto Stephen Sauvestre. Sauvestre, em particular, foi responsável por muitos dos elementos de design destinados a transformar o que era essencialmente um pórtico de ponte de grandes dimensões em um edifício esteticamente agradável. Esses gestos projetuais, incluindo os arcos na base da torre e o bulbo em sua cimeira, foram destinados a agradar não só para o público, mas para o próprio Eiffel.

O projeto proposto não impressionou inicialmente Eiffel, que, no entanto, pediu patentes nos nomes de Nouguier e Koechlin. Mais tarde, em 1884, ele comprou-a dos dois homens e começou a trabalhar diretamente com Sauvestre para refinar a estética da torre. Foi esta iteração do desenho que os dois homens apresentaram para apreciação em 1886, e que foi uma das três propostas escolhidas entre 107 submissões. No final, os projetistas responsáveis pelos outros dois projetos vencedores foram encarregados de construir outras estruturas importantes para a Exposição, enquanto Eiffel e Sauvestre saíram como os vencedores finais na competição para a torre.

A torre Eiffel compreende quatro pilares de treliças de ferro dispostos em um quadrado, levantando-se com uma inclinação inicial de 54° e curvando-se para cima até se encontrarem, quando a torre sobe como uma única, de forma sutilmente piramidal, até o campanário em seu ápice. Sua forma foi ditada principalmente por preocupações sobre o vento em altitudes elevadas, uma questão que afetou até mesmo o tamanho e a colocação de buracos de rebites nos membros de ferro da torre. Três pavimentos estão abertos aos visitantes, com o primeiro e o segundo níveis suspensos entre os quatro pilares e o terceiro alojado no campanário, 324 metros acima do solo. Antes da construção ser iniciada, Eiffel calculou que a torre pesaria 6.500 toneladas métricas e custaria 3.155.000 francos. Quando construída, a estrutura resultou em 7.300 toneladas, e custou duas vezes e meia mais do que era esperado.

Apesar da sua altura sem precedentes, a Torre Eiffel teve uma mão de obra relativamente reduzida com 300 trabalhadores, levando apenas dois anos para construção. [10] 18.000 peças de ferro fundido foram fabricadas na fundição de Eiffel no subúrbio de Levallois-Perret, sendo transportadas para o Champ de Mars e levantadas no local através de guindastes a vapor. Muitos dos ornamentos de Sauvestre foram abandonados à medida que o trabalho prosseguia, reduzindo tanto o custo de construção quanto o peso da torre. Surpreendentemente, houve apenas uma única fatalidade no canteiro de obras.

A torre provocou reações apaixonadas nos parisienses que a observaram subir ao lado do rio Sena. Sua estrutura de ferro forjado, vista como um símbolo de um racha entre arquitetura e engenharia, foi odiada por grande parte da comunidade artística da cidade. Alguns condenaram a torre como “monstruosa e desnecessária”, enquanto outros a comparavam a uma “preta e gigantesca chaminé de fábrica”. Seus detratores incluíam o arquiteto Charles Garnier, famoso pela Opera que leva seu nome, o dramaturgo Alexandre Dumas e o escritor Guy de Maupassant – este último com frequência almoçou na torre nos anos posteriores, como ele afirmou que era “o único lugar em Paris, onde eu não tenho que vê-la.”

Domínio Público. Março de 1889

A oposição ao projeto se mostrou infrutífera, e Gustave Eiffel levantou a bandeira tricolor francesa sobre a torre terminada em março de 1889, um mês antes do previsto. Foi aberta ao público dois meses mais tarde, atraindo os visitantes que quiseram observar Paris como nunca poderiam ter feito antes. Aqueles que desejavam ver uma vista aérea da cidade subiam, escalando uma das longas escadas ocultas nos pilares da base, ou em um dos quatro elevadores projetados em um sistema de pistão articulado que lhes permitia seguir a inclinação mutante da torre até o primeiro nível. Aqui, os visitantes podem apreciar a vista de uma arcada coberta, bem como comer em um dos quatro restaurantes de temática internacional O mais ousado poderia pegar mais dois conjuntos de elevadores para o segundo nível, e, posteriormente, para o campanário. Na sua abertura, o sistema de elevadores e escadas foi concebido para permitir que 5000 pessoas visitassem a Torre Eiffel a cada hora.

A Torre Eiffel logo provou ser um sucesso internacional. Nada como ela havia sido visto – era duas vezes a altura do Monumento de Washington, anteriormente o edifício mais alto do mundo, e seu novo método construtivo só agregou ao efeito. Nos 173 dias que a Exposição estevei aberta, mais de dois milhões de visitantes de todo o mundo pagaram para subir sua forma de ferro delgado. Ela retornou seu orçamento inicial dentro de um ano, sustentando as contribuições financeiras de Eiffel e seus investidores. No entanto, o interesse público diminuiu rapidamente nos anos que se seguiram à Exposição. Em 1890, o número de visitantes caiu para um quinto do que havia sido no ano anterior. Como a data pretendida de demolição de 1909 surgiu no horizonte, Gustave Eiffel defendeu vigorosamente a torre como valiosa para o estudo da física e meteorologia. Nos debates que assolaram sobre a torre, entretanto, não foi a utilidade científica que a preservaria, mas sua possibilidade de ser usada como uma torre da transmissão do rádio (e, mais tarde, da televisão).

No último século, a Torre Eiffel voltou da beira da demolição para se tornar um dos monumentos mais emblemáticos do mundo. Ele manteve o título de edifício mais alto do mundo por quarenta anos, e na época que perdeu esse título para o Edifício Chrysler, de Nova Iorque, tinha adquirido um significado maior para o povo da França. A natureza icônica da Torre Eiffel transformou-a em um símbolo de sua nação e da cidade de Paris, com inúmeras réplicas construídas em cidades ao redor do globo. Sete milhões de pessoas visitam-na todos os anos, com o mesmo desejo de seus predecessores em 1889: ver a “Cidade das Luzes” a partir de uma vista deslumbrante tornada possível pela inovação industrial, pelo fervor nacionalista e pelo progresso científico humano.

Leia mais sobre: Archdaily

Gostou? Comente sobre!

Tags: , , ,

Relacionados

Arquitetura&Construção

Casa AR

Arquitetura&Construção

Pier 31

Inplot © Todos os direitos reservados.

Política de Privacidade

Sua assinatura não pôde ser validada.
Você fez sua assinatura para receber conteúdos do Blog Inplot com sucesso.

Receber conteúdos do Blog Inplot

Usamos a Brevo como nossa plataforma de marketing. Ao enviar este formulário você concorda que os dados pessoais fornecidos serão transferidos para a Brevo para processamento de acordo com a Política de Privacidade da Brevo.

Inscreva-se na nossa newsletter