A evolução histórica dos Complexos Multifuncionais

O complexo multifuncional tem inclusão no contexto histórico da civilização, notável nos princípios das formações urbanas. Em seu exemplo, uma das principais estruturas gregas, a agora, considerada um centro secular da Cidade – Normalmente constatada em um espaço livre, configurada pela presença de mercados, feiras e envolvido por edifícios públicos. Além de suas assembleias, a agora possuía outras funções em seu cenário, se fazendo âmbito de eventos e cerimonias religiosas somando-se com as características econômicas – comerciais. Outros também conhecidos por essa função, os banhos romanos, apresentavam diversas funções, por exemplo: sede dos debates políticos, pratica de exercícios dentre outras atividades que eram oferecidas, entre elas bibliotecas, teatros, auditórios, ginásios e restaurantes.

Por outro lado, na Idade Média, o edifício multifuncional teve uma significativa diminuição em sua construção. A vida cotidiana passou-se a ser encontrada nas habitações da população, salvo algumas funções religiosas nas próprias Igrejas e de autoridade civil. Nesse período a conjuntura das atividades era estruturada da seguinte forma: as ruas eram os locais específicos para o comercio e dentro do edifício estavam presentes o trabalho e a moradia. Ou seja, o indivíduo passou a realizar seu oficio sob seu domicilio, demonstrando, no entanto, que, o perfil da arquitetura multiuso participa do aparecimento das estratificações verticais, diferente das horizontais fortemente presentes na antiguidade.

Com tudo, no século XVIII, a edificação hibrida possui uma nova configuração podendo-se chamar de nova estratificação. Em Paris, alguns edifícios, eram perceptíveis que no pavimento térreo funcionavam os comércios, restaurantes, cafés e teatros, e os pavimentos superiores que chegavam a quatro, cinco pisos, havia residências e/ou escritórios. Essa
formatação está presente até os dias de hoje tornando-se uma forte idealizadora da cidade contemporânea, e sendo observada na Rue de Rivolli, por exemplo, com suas arcadas que definem a planta baixa, protegendo o comprador e unificando a fachada no nível da rua. Com semelhante configuração denotam-se as residências sobre a Ponte Vecchio, em Florença, com suas galerias e passagens cobertas surge como protótipo para os conjuntos residenciais e comerciais dentro do contexto de multifunções. Os livres acessos a rua influenciam diretamente a superfície urbana, quando se integram ao seu tecido.

A alteração na configuração da cidade ficou evidenciada coma Revolução. Sobrevindo de um movimento, formado por um grupo teórico de precursores urbanistas, irrompe três ideias essenciais que modificaram o urbanismo tradicional para uma seria de novos princípios. A primeira e a idealização de uma comunidade ideal, situada numa paisagem livre do caos da vida urbana. A cidade então e conceituada como “inimiga” com suas funções em conflito e consequentes injustiças sociais. A segunda ideia determinava a necessidade de limitar dimensões e números de habitantes para controle maior do meio urbano. Por fim, a terceira, formulava um zonificação funcional, como intermédio de solucionar o conflito social. Sendo assim, as comunidades dividiram-se em partes, desmembrando-se com intenção de evitar contratempos sociais. Porém essas ideias na esfera do urbanismo vêm por impactar qualquer outro tipo de solução posterior que traria alguma solução para as situações e problemas das metrópoles existentes.

Imagem: Ponte Vicchio – Florença
Fonte: bymonaco

A perda de espaço da construção multiuso acentuou-se com a valorização do zoneamento e setorização da cidade. Status que se acentuou com o idealismo urbano modernista que reestabelecia a ideia de fragmentação urbana como princípio de ordem – a cidade seria distribuída horizontalmente, dividida em zonas monofuncionais e passaria ser ocupada por edifícios de único uso. No entanto apresentavam-se ainda trabalhos com o devido interesse na validade e aperfeiçoamento da arquitetura multiuso. Um deles e a Cidade Vertical de 1924, Ludwing Hilberseimer, que propunha a junção de residência e comercio em construções de alta densidade. Outro exemplo foi a edificação do Rockfeller Center, Nova York, 1931-1939, um dos primeiros exemplos de construção multiuso como proposta de renovação. Este projeto definiu em seu centro um espaço público heterogêneo, a praça, e abaixo do nível da rua uma galeria comercial que se comunica com as demais funções do edifício, além de ter acesso ao metro, sendo a torre escalonada para não sombrear a praça. Outro exemplo aparece com o grupo Archigam, que propunha um modo de vida baseado no constante movimento de pessoas, ou seja, as propostas arquitetônicas dos mesmos concentravam-se em grandes complexos compactos e que alojavam diversas funções, expondo a possibilidade de atuar numa escala muito maior que um edifício habitual.

Já nas ultimas décadas, a retomada pelo interesse na arquitetura multifuncional vem acontecendo, com muito mais forca no final do ano de 1960. Para muitos foi preciso a falência do urbanismo modernista, cujas cidades contemporâneas, encontrassem nos edifícios híbridos elementos essenciais para intervenções urbanas como foco principalmente nas áreas periféricas.

Esse modo de trabalho supera o conceito de megaestruturas ao assumir novamente o tecido urbano como elemento de conexão, motivando as requalificações e reocupações urbanas.
No Brasil, as edificações multifuncionais ressaltam-se em São Paulo, cidade perceptível por ter sido solo do vasto processo de industrialização, deixando marcos importante nas propostas diversas de organização do território urbano, conectados como os novos modos de produção industrial. Assim sendo, iniciaram-se investimentos para recuperação da área central da cidade em questão, usufruindo da construção multiuso como articuladora do espaço. Assim, os edifícios híbridos paulistanos encontram-se entreguem ao território, instalados geralmente onde já havia uma infraestrutura preexistente que poderia ser aproveitada. Entre os principais exemplos estão o edifício Martinelli, do início do século XX, na qual já foi considerado o mais alto arranha-céu da América do Sul; o edifício Anchieta, de meados do século, projetado pelos irmãos Roberto; o Conjunto Nacional, de David Libeskind,
nos anos 50; e o Copan, da mesma época, projetado por Oscar Niemeyer.

Até então, a composição dos edifícios em geral se desenvolveu muito, há lembrar-se que desde a Pré-história a evolução foi corrente para as construções arquitetônicas. Os primeiros monumentos serviam como abrigos logo em seguida surgem as primeiras residências no Oriente Médio e na Asia central. Após, as pirâmides com os egípcios, construções geometricamente perfeitas. Seguimento dos edifícios gregos, com seu principal expoente o Parthenon com suas proporções geométricas e vasto uso da perspectiva. Inspirados na Grécia, os romanos demonstram um trabalho primoroso não só nas edificações, mas na infraestrutura de suas cidades. Na Idade Média, as igrejas da religião católica fruem com os arcobotantes possibilitando assim o aumento da altura de suas edificações. Já no Renascimento a evolução estética se engrandece com destaque para as enormes cúpulas elaboradas por arquitetos da época que desse período então, assume um papel significativo para a sociedade. Já na Revolução Industrial, com seus novos materiais, aço, vidro e zinco, presentando arquitetos caracterizados pela utilização de forma simples, geométrica e sem ornamentação. Linhas retas e angulosas em vez de triangulares ou concavas, consagrando a Arquitetura Moderna. No Pós-modernismo, e criado já com maior interesse pela cultura popular e cresce a atenção sobre o contexto de inserção dos projetos. Fazendo com que a arquitetura volte a ser portadora de símbolos que falam a todos e, mais do que isso, que comunicam valores culturais, já trazendo a identidade de uma arquitetura pública e associativa.

Contudo, chegando ao período atual, no século XXI, as edificações podem ser vistas como uma reação da arquitetura moderna, no qual arquitetos atuais fazendo uso da releitura das construções passadas ou criando algo totalmente novo e utópico.

Nesse contexto, atualmente, com o adensamento, a verticalização e a busca de soluções para cidades contemporâneas, tem-se como o início da regeneração urbana, mesmo por meio da intensificação das áreas periféricas ou revitalização das áreas urbanas, o interesse dos arquitetos e urbanistas demonstra-se cada vez maior, devido aos complexos multifuncionais
distintos.

Cada vez mais empreendimentos são inclusos na esfera urbana, alguns tendo como foco realizar construções arrojadas e confortáveis, edificações tecnológicas, de modo a garantir que o meio ambiente não seja comprometido. Apreciando no complexo uma nova forma de projetar-se, cujo são utilizados novos parâmetros construtivos e de urbanização das cidades. No entanto, a percepção de construção e de organização urbana altera-se conforme a necessidade e a economia de determinada região. Inclusive a composição dos edifícios atuais ganha novas perspectivas de acordo com sua finalidade, de acordo com o investidor e intuito da política local.

Assim sendo, a ideia de encurtarem-se as atividades sociais em um só espaço, mesmo com seus déficits e superávits, e considerada fortemente estimuladora para as novas cidades. Considerando o fato de ser um conceito muito antigo, advindo desde os primórdios da sociedade tradicional, o complexo multifuncional e algo funda

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