• Tipologia de Projeto: Hotelaria
• Autor do projeto: Mutabile Arquitetura
• Responsáveis pelo projeto: Gabriel Souza e Isabel Brant
• Ano da elaboração: 2022
• Localização: Arraial D’Ájuda, BA – Brasil
• Área construída: 6.020 m²

Distribuídas ao longo de uma das fachadas laterais da edificação, suas oito suítes ocupam quatro blocos de dois andares. À medida em que se afastam do lago, os blocos se deslocam para fora, garantindo não apenas que todos os quartos tenham vista para a represa, mas que as vistas sejam equivalentes. É uma solução que consegue evitar uma hierarquização dos cômodos, já que todos possuem dimensões, layout e qualidades idênticas. Na fachada, o ritmo criado pelos sucessivos deslocamentos quebra a monotonia que um único plano certamente traria e cria um ritmo agradável para o observador.

Este projeto para um condomínio localizado entre Arraial D’Ajuda e Trancoso consistiu na implantação de 70 bangalôs em um espaço aberto e plano. A grande dificuldade do projeto era conseguir distribuir estas unidades habitacionais sem que algumas casas se tornassem mais privilegiadas que outras. As áreas privativas deveriam ser equivalentes e as fachadas principais não deveriam entrar em conflito. Áreas nobres, como as varandas, não deveriam coincidir com áreas de serviço ou fundos de outras edificações. A distribuição no espaço deveria garantir distâncias semelhantes entre as casas e as instalações de uso coletivo. O trajeto entre as vagas de estacionamento e as unidades, da mesma maneira, deveria estar sempre dentro de um mesmo limite. Como desafio adicional, o lote apresenta um formato bastante irregular, sem referências de hierarquização do espaço como esquinas, centralidades, pontos de interesse ou visadas. A resposta do projeto para estes problemas foi a criação de ilhas, conjuntos de oito unidades encerrados em círculos. Cada círculo conta com quatro bangalôs individuais e uma edificação maior que abriga quatro unidades.

As construções de maior dimensão contam com unidades que se assemelham mais a apartamentos, menos devassados que os bangalôs independentes. Por isso, foram implantados no perímetro do lote, mais próximos à via, protegendo as casas menores do movimento de carros e dos olhos da rua. Estes blocos coletivos foram projetados de forma a serem adaptáveis: duas unidades de um mesmo andar, ou mesmo as quatro casas do edifício, podem ser unidas e convertidas em um apartamento maior ou em um grande sobrado. As plantas internas, seja nos edifícios individuais ou nos coletivos, são caracterizadas por um partido aberto, com cozinhas e salas plenamente integradas, como num loft, e área de serviço à parte com acesso independente. Há unidades de um ou dois quartos.

As casas independentes possuem uma tipologia bastante adequada ao clima praiano, com amplas entradas protegidas por varandas de estrutura em madeira. Com suas frentes totalmente abertas e expostas ao ambiente externo, elas precisam ter sua privacidade preservada. Nenhuma casa fica imediatamente à frente de outra e não há uma só varanda cuja vista seja o fundo de outras edificações. Garantir essa condição exigiu que cada bangalô fosse cuidadosamente posicionado no terreno.  

Os círculos que abrigam os conjuntos de casas são delimitados apenas pela pavimentação, mas internamente eles são subdivididos em seis fatias separadas por uma cerca baixa, proporcionando uma espécie de quintal privativo para cada unidade do térreo. Na porção central da quadra estão concentradas as instalações de uso coletivo, com atenção especial para a piscina. Em conformidade com a linguagem adotada no restante do projeto, ela parte de um traçado circular, mas com uma diferença: seis penínsulas semicirculares parcialmente submersas, distribuídas em distâncias regulares, invadem e recortam a forma circular original. O resultado é a criação de áreas de permanência segregadas, possibilitando um certo grau de privacidade a diferentes grupos usufruindo do espaço simultaneamente.

Texto disponibilizado pela Mutabile Arquitetura

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