Concebido para ser um hotel de vanguarda na cidade de São Paulo, o Hotel Unique conta com a arquitetura de Ruy Ohtake, e com o design elegante de João Armentano. Confira mais sobre este projeto!
Design altivo
Quando projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, o hotel Unique chegou ao mercado com a proposta de ser único. Um hotel design – ou boutique –, com espaços diferenciados e atendimento personalizado. A arquitetura engenhosa aportou em plena avenida Brigadeiro Luis Antonio, em São Paulo, com uma estrutura inédita em forma de arco invertido, marcada pelo desenho de janelas circulares. Suspensa do solo, ela é apoiada parcialmente nas extremidades em duas empenas de concreto de 50 cm de espessura e em oito pilares distribuídos dentro do volume protegido por uma fachada de vidro. Sempre questionado sobre como chegou a essa forma – reconhecida como um barco por alguns, ou melancia, por outros – Ruy Ohtake revela que apenas começou a desenhar, mas o ponto de partida passou pelo fato de que na região onde o edifício está localizado só eram permitidos prédios de até sete andares, ou seja, 25 metros, relembra o arquiteto de forma bem-humorada. A saída foi criar um partido que logo se destacasse pela arquitetura. O design inusitado alia-se também a soluções incomuns – como o planejamento do pavimento superior com mais quartos que o andar inferior, baseado no fato de todos preferirem se hospedar na área mais alta. Há, ainda, a lateral arredondada do prédio, que gerou um grande vazio central.
Estrutura metálica e vidro
Imagem: Nelson Kon
Imagem: Nelson Kon
A instigante fachada é, na verdade, uma grande estrutura metálica com proteção de vidro que avança para a cobertura, destacando-se do corpo da construção. Independente, ela serve de ancoragem para a caixilharia no sistema silicone glazing, com vidros laminados planos e curvos de 10 mm e 12 mm, na cor cinza-escura. Todo o sistema apoia-se no esqueleto de concreto armado. A face inferior exibe acabamento em maçaranduba, em réguas de 30 cm de largura. Para manter a transparência, foram projetadas treliças constituídas por cabos pré-tensionados, associados a uma grelha vertical que recebe os painéis de vidro encapsulado em silicone. Ruy Ohtake explica que as variações de tonalidade verde visualizadas no corpo do edifício devem-se ao revestimento das duas faces da estrutura com placas de cobre pré-oxidadas. No amplo lobby figuram 1.100 m² de vidros. A transparência permitida pelo material integra interior e exterior. Ruy Ohtake estabeleceu um recuo de 35 m, delimitando a fachada de vidro, de onde parte um jardim de pedras. O projeto paisagístico – marcadamente horizontal e melhor observado da cobertura – privilegiou sinuosos caminhos de água. As plantas maiores foram iluminadas e destacadas por meio de projetores embutidos no piso.
Surpresas luminotécnicas
Imagem: Nelson Kon
Imagem: Nelson Kon
Imagem: Nelson Kon
O conceito de iluminação do Hotel Unique acompanha as propostas diferenciadas do projeto. Soluções não convencionais e tecnologicamente inovadoras proporcionam surpresas em cada um dos ambientes do hotel. Logo na entrada do lobby, uma parede saída de um piso elevado diferencia a entrada social da de serviço e bagagens. Destacada pela iluminação periférica abaixo do piso, ela parece flutuar entre o pavimento térreo e o inferior. Mais adiante, um nicho com pé-direito alto em forma de arco triangular e de paredes de concreto tingidas de vermelho expõe um enorme banco de madeira bruta. Para iluminá-lo e destacá-lo, foram instalados quatro projetores de foco de 4° que direcionam a luz para cima, onde estão fincadas quatro placas refletores, tipo ‘spiegel’ (espelho). Cada uma tem uma superfície plana, correspondente a ¼ da área, revestida de alumínio semiespecular plano em cor natural. Já os ¾ restantes estão cobertos com células convexas anodizadas na cor vermelha.
Luz a partir da arquitetura
Imagem: Nelson Kon
Imagem: Nelson Kon
Imagem: Nelson Kon
A fachada do edifício foi valorizada por uma iluminação tênue, porém dinâmica. Indireta, ela é refletida a partir do espelho d’água, por meio de três projetores de foco ultrafechados. Eles se projetam na pequena queda d’água, e a luz refletida na água em movimento se lança para o edifício. O resultado é uma mancha de luz quente e suave, flutuando sobre a fachada e permitindo a visualização das circulações internas com luz azulada. Na área central do arco invertido, o pé-direito se eleva até a cobertura, que recebeu luzes indiretas vindas de projetores e refletores ‘spiegel’, ressaltando os detalhes do espaço. A iluminação diferenciada está presente desde o corredor de entrada revestido com placas de pedra ônix translúcida.
Apartamentos
Imagem: Nelson Kon
Imagem: Nelson Kon
A estrutura de concreto protendido, inovadora para a época em que o hotel foi construído, define a forma curva externa do edifício também percebida no interior: os seis corredores são compostos por blocos curvos, e cada bloco abriga quatro apartamentos. Nos aposentos das extremidades, o desenho em arco da estrutura se reflete no piso e na parede que, unidos, formam um fundo infinito, permitindo literalmente ‘andar pelas paredes’. Nos seis andares, os 95 apartamentos – e corredores – são dotados de 129 janelas circulares, sem travessas, com abertura de 12 cm, vidros laminados de 12 mm e perfis de alumínio com pintura eletrostática e acabamento acetinado. Elas oferecem aos hóspedes uma vista emoldurada da cidade e acentuam a leveza da fachada. Nas suítes, banheiros e quartos são integrados por meio de uma janela com perfis de aço inoxidável escovado e abertura total do vão de 1,60 x 1,60 m. A esquadria foi projetada para recolher-se no teto, preservando o espaço útil do apartamento. Composta por dois painéis de 1,60 m x 0,80 m, ela tem o peso sustentado por contrapesos colocados nos montantes laterais, embutidos nas paredes. Para marcar os corredores dos apartamentos curvos e irregulares, sancas acompanham o perímetro das paredes, onde foram instaladas fluorescentes de cor azul.
Imagem: Nelson Kon
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Mais transparências
Imagem: Nelson Kon
Imagem: Nelson Kon
O átrio vai do lobby à cobertura e nele estão situados os halls dos elevadores e, na face oposta, uma grande empena de concreto bruto. Em um dos trechos próximo ao bar, o piso de vidro que cobre o átrio foi preenchido com água, formando um espelho d’água. Através dele é possível visualizar até o lobby, no térreo.
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