Para demarcar locais, para reaproveitar sobras de tinta, para revitalizar áreas abandonadas, para realçar a alegria. Seja qual for o intuito, explorar as cores é mudar a atmosfera de qualquer ambiente – o que é capaz de despertar sensações e, por consequência, mudar comportamentos. Em uma cidade, é possível encontrar muito mais do que concreto, aço e trabalho árduo. É possível encontrar criatividade, beleza e vitalidade. Confira algumas das cidades mais coloridas do mundo.
Burano, Itália
Quando você pensa em um destino turístico na Itália, muito provavelmente a imagem de Veneza vem à sua mente. Gôndolas, canais, pontes: realmente, Veneza tem seus encantos. Mas, o que muita gente não sabe é que, muito perto dali, existem ilhas tão encantadoras quanto. Uma delas é Burano, uma pequena ilha de pescadores com cerca de quatro mil habitantes. É bastante conhecida pelas famosas rendas de Burano, produzidas por mulheres locais e exportadas por toda a Europa, a partir do século XVI – sendo a favorita de reis e rainhas por muitos séculos.
Porém, sem dúvida, o que mais impressiona em Burano são suas casas multicoloridas que chamam mais atenção do que qualquer atração da ilha. Segundo a lenda local, as pinturas com cores fortes e diferenciadas foram feitas para que os pescadores pudessem localizar suas residências à distância, quando retornavam de longos períodos de trabalho, depois do pôr do sol. Atualmente, as paredes seguem um sistema específico de coloração. É preciso pedir uma autorização ao governo da cidade antes de sair colorindo casas por lá – é o próprio governo que define os tons permitidos na área do município.
Bo-Kaap, África do Sul
Imagem: Pinterest
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Apesar de marcantes e destacadas, as narrativas por trás das cores nem sempre são as mais alegres. Mas, como parte da preservação cultural e histórica, são importantes para lembrar o quanto precisamos estar atentos a questões sobre respeito, cidadania e inclusão. Bo-Kaap é uma área bastante famosa na Cidade do Cabo por suas vielas muito coloridas, o que contrasta bastante com o sofrimento vivido por moradores da região no passado.
Em 1700, a região foi estabelecida exclusivamente como moradia de escravos, vindos de países como Holanda, Índia, Sri Lanka, Indonésia e outros. Já na época do Apartheid, séculos depois, era considerada uma township, espécie de comunidade que abrigava todas as pessoas excluídas da sociedade por questões raciais, religiosas e culturais. As cores variadas são herança de um povo que, sem acesso à educação formal, utilizava-as para demarcação de residências, localização e comunicação. Mas, por mais triste que seja essa história, os moradores conseguiram dar a volta por cima. Hoje, o local é considerado patrimônio nacional e recebe turistas do mundo todo.
Jodhpur, Índia
Imagem: Pinterest
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Jodhpur: a cidade azul. Lá, as pinturas são concentradas em uma única tonalidade. E os motivos são variados. Localizada no estado do Rajastão, na Índia, tem uma população de quase um milhão de habitantes e um clima bastante quente. Reside aí uma das razões pela escolha do azul na hora de pintar as casas: há teorias que indicam que o tom ajuda a refrescar as residências, já que refletem a luz do sol e redução a absorção de calor – mesmo princípio da cor branca, mas com a vantagem de não brilhar tanto aos olhos.
Outra grande vantagem da coloração azulada seria o afastamento de insetos, principalmente mosquitos, que assolam a região. Mas, a principal razão pela qual a cidade é repleta de prédios azuis é outra: quando Jodhpur e Jaipur (a cidade rosa) se encontravam em guerra, o marajá pediu que os brâmanes (casta sacerdotal hindu) de Jodhpur não fossem atacados. O exército de Jaipur, então, indicou que as casas onde os sacerdotes viviam fossem identificadas – no caso, de azul, já que a cor está relacionada com a pele de Shiva. A tradição é preservada até hoje, mas, dessa vez, por quase todas as famílias do local.
Valparaíso, Chile
Imagem: Pinterest
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A cidade chilena de Valparaíso, localizada a 120km de Santiago, é um praticamente uma miragem. Milhares e milhares de casas empilhadas entre 42 morros, de frente para o Oceano Pacífico. É quase impossível de acreditar à primeira vista! No passado, o local era um famoso porto comercial, muito movimentado. No entanto, a partir da abertura do Canal do Panamá, o comércio acabou diminuindo. Artistas e estudantes gradualmente substituíram os comércios e mansões por centros culturais, restaurantes e residências mais simples. O estilo eclético do lugar passa a se tornar bastante autêntico, com escadarias sinuosas, subidas (e descidas) íngremes, mercados ao ar livre e cores, muitas cores.
Conta-se que a variedade de tons deveu-se à uma questão econômica: as tintas que sobravam das pinturas dos navios atracados no porto acabavam caindo nas mãos dos moradores que reaproveitavam como podiam, colorindo suas casas. Por isso, é bastante comum ver mesmo em uma única residência, paredes, portas, janelas e telhados coloridos com cores diferenciadas. Mas, vamos combinar: é aí que reside todo o diferencial de Valparaíso, uma das áreas turísticas mais movimentadas do Chile.
Reykjavík, Islândia
Imagem: Pinterest
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Com uma temperatura média de 5ºC, Reykjavík não é só a capital da Islândia, mas a capital mais setentrional (mais ao norte) do mundo. Durante o inverno, os dias duram quatro horas e, no verão, as noites não existem. É um lugar de extremos: muito frio e muita névoa. Tanto que, ao longo de um ano, são apenas 1300 horas de incidência solar. Locais que tenham pouca iluminação do sol tendem a conter mais casos de depressão entre a população – já que é sabido cientificamente que as vitaminas irradiadas pela luz solar diminuem falhas cognitivas e aumentam a disposição e a vitalidade.
Você já deve imaginar porque esse lugar montanhoso é também multicolorido. Sim, as cores têm um potencial renovador, ainda mais aquelas de tons mais vivos e fortes. Tonalidades, principalmente primárias (azul, amarelo e vermelho), são captadas pelos olhos, transmitidas para o cérebro e refletem reações de vigor, descontração e otimismo para o corpo. Foi justamente por acreditar no potencial revitalizante das cores que a população de Reykjavík optou por reproduzi-las nas fachadas e telhados de casas e estabelecimentos, ajudando na recuperação da energia e formando essas belíssimas paisagens.
Brasil, um país cheio de cores…
É claro que o Brasil não poderia ficar de fora dessa lista. Quer lugar mais colorido do que a nossa terra? São muitas as cidades repletas de cores, seja por influência de imigrantes europeus e africanos, seja em prol da revitalização, seja por puro estilo. Selecionamos alguns pontos repletos de tons para inspirar você!
Pelourinho, Salvador
Imagem: Pinterest
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Uma das atrações turísticas mais famosas do Brasil. O Pelourinho é uma região de Salvador, na Bahia, mundialmente conhecida por seus casarões coloridos e sua arquitetura colonial portuguesa. A herança da cultura africana traz energia e cores para suas vielas estreitas e repletas de histórias.
Olinda, Pernambuco
Imagem: Pinterest
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A cidade pernambucana de Olinda já foi considerada a mais rica do Brasil colonial. Mesmo depois dos saques e da invasão holandesa, o local se reergueu com restauração e recolorização de fachadas e hoje está entre as mais visitados do país, tanto pelas paisagens quanto pela expressão multicultural.
Holambra, São Paulo
Imagem: Pinterest
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Uma cidade bastante recente na história do país. Fundada em 1950, Holambra tem uma forte influência dos holandeses, sobretudo nas construções arquitetônicas e na escolha de cores variadas para deixar suas vielas ainda mais encantadoras.
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